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A importância das férias na saúde e no bem-estar

  • Dr. Marco Mendes
  • 30 de jul. de 2018
  • 3 min de leitura

Chegou o Verão e, com ele, as tão desejadas férias para muitos! Em geral, «férias» é sinónimo de descanso, de lazer, de estar em família, de viajar, de despreocupações. Ainda assim, há quem não consiga desligar do trabalho a 100% ou aproveitar as férias para recarregar baterias, acabando por se sentir mais cansado/a no final. Existem vários fatores que podem influenciar estas situações, mas muitas pessoas não reconhecem também o valor das férias para si mesmas.

Curiosamente, um estudo realizado sobre os benefícios das férias concluiu que estas têm um efeito positivo na saúde e no bem-estar (de Bloom et al., 2009). Contudo, os investigadores salientam que estes efeitos duram pouco tempo após retomar o trabalho, o que nos remete para o modo como são vividas as férias: ficar em casa não tem o mesmo impacto que viajar. O que fazem as pessoas durante as férias? Será que esse tempo está a ser bem-aproveitado e a ter realmente qualidade?

Para além deste, outros estudos foram sendo realizados acerca dos benefícios das férias. Por exemplo, em 2010, um estudo finlandês acompanhou quase 200 indivíduos que tiraram férias para praticar desportos de inverno e aproveitar fins-de-semana prolongados. Este estudo concluiu que os indivíduos tiveram melhorias no seu bem-estar, especificamente no estado de saúde, no humor, na tensão, no nível de energia, na fadiga e na satisfação, mas apenas a curto prazo (de Bloom, Geurts, & Kompier, 2010). No mesmo ano, um estudo holandês procurou perceber se as férias proporcionavam maior felicidade, comparando indivíduos que iam de férias com indivíduos que não iam. Uma vez mais, aqueles que tiraram férias sentiram-se mais felizes antes e durante este período, mas não necessariamente após. Isto é, a antecipação e o tempo de férias em si foi positivo para a felicidade, mas não a longo-prazo. Outra conclusão interessante foi que o planeamento das férias tem um efeito muito maior na felicidade das pessoas, provavelmente porque essa ideia por si só traz maior bem-estar (Nawijn, Marchand, Veenhoven, & Vingerhoets, 2010).

Todas estas investigações servem precisamente para ilustrar que, mais do que apenas tirar as merecidas férias, é importante saber aproveitá-las com atividades que proporcionem um verdadeiro prazer. Tal como já sabíamos, as férias são capazes de aumentar o nosso bem-estar durante um curto espaço de tempo – nem que seja aquelas duas semanas na praia ou no campo – ainda que não alterem a nossa felicidade a longo-prazo. Mais recentemente sabemos também que planear férias melhora o humor (Nawijn et al., 2010), reduz o stress e aumenta a satisfação com a vida, além de ser importante afastarmos o nosso pensamento do trabalho (Chen & Petrick, 2016).

No fundo, a forma como escolhemos passar as nossas férias e a importância que lhes damos são dois ingredientes fundamentais para potenciar os seus benefícios. Além de poder ser uma questão económica, social ou familiar, o modo de viver as férias é também um assunto psicológico, inclusive pelos seus efeitos. Durante o Verão, o sol e o ambiente têm benefícios que ajudam a melhorar o bem-estar físico e psicológico: o corpo fica mais relaxado, há uma redução do risco de depressão, há um menor isolamento social, ocorre um aumento da autoestima. Por todas estas razões, vale a pena aproveitar cada minuto. Assim, desejamos umas boas férias e continuamos cá para si, se precisar mesmo durante o Verão – porque férias também é sinónimo de cuidar de nós mesmos.


Referências bibliográficas:

Chen, C, & Petrick, J. F. (2016). Vacation recovery experiences on life satisfaction. Journal of Travel Research, 55(2), 150-60.

De Bloom, J., Kompier, M., Geurts, S., De Weerth, C., Taris, T., & Sonnentag, S. (2009). Do we recover from vacation? Meta-analysis of vacation effects on health and well-being. Journal of Occupational Health, 51(1), 13-25.

De Bloom, J., Geurts, S., & Kompier, M. (2010). Vacation from work as prototypical recovery opportunity. Gedrag en Organisatie, 23(4), 333-349.

Nawijn, J., Marchand, M. A., Veenhoven, R., & Vingerhoets, A. J. (2010). Vacationers happier, but most not happier after a holiday. Applied Research Quality Life, 5(1), 35-47. doi:10.1007/s11482-009-9091-9

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